quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Esperança = Convicção.



Neste último texto sobre a esperança quero destacar uma característica que perpassa a verdadeira esperança em Deus: a convicção. A esperança cristã de forma alguma é uma expectativa fictícia, vã, tola, vazia, mas uma espera convicta daquilo que espera; uma espera repleta de certeza da concretização daquilo por que se espera pois é alimentada pela fé. Já falei anteriormente que a fé e a esperança são irmãs siamesas; uma não existe sem a outra.
O apóstolo Paulo, que passou por inúmeras e pesadas tribulações na vida, assim disse sobre a esperança:
“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. (Rm 5:5)
Posso até vislumbrar o apóstolo cheio de convicção escrevendo aos seus leitores de Roma. A esperança não traz confusão. A esperança não existe em vão, não é uma muleta para vida, nem uma fuga da realidade. A esperança traz em seu seio a certeza, a convicção de que o futuro se tornará presenta, o intangível se transmutará em realidade.
A esperança não confunde.
A esperança não decepciona.
A esperança não envergonha.
As pessoas podem até desacreditar, zombar de nós, dizer que somos tolos de esperar. Mas a jornada cristã só acontece para aquele que experimenta a esperança. Paulo deixa claro que aquele que espera não ficará confuso, decepcionado, envergonhado.
A esperança traz em si mesma uma qualidade paradoxal. Muitas vezes, devido às circunstâncias, precisamos ter esperança contra a própria esperança.
Como assim? Vejamos o que diz Paulo:
“O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência”. (Rm 4:18)
Neste versículo Paulo está relatando a história de Abraão, o pai da fé. E como Abraão, em esperança, creu contra a esperança?

Encontramos a resposta em Gênesis.
“E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele. E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres”. (Gn 18:10-11)
Isso é ter esperança contra a esperança. Deus aparece a Abraão, então com 99 anos, e lhe diz que, em breve, ele segurará um filho nos braços. Ora, as circunstâncias em que Abraão vivia contradiziam totalmente esta promessa de Deus. Abraão e Sara eram velhos e adiantados em idade. Sara não estava mais na idade fértil. Tudo ao redor dizia que era impossível algo assim acontecer. A situação era tão absurda que Sara riu, quando ouviu o Senhor falando sobre o filho.
Todavia Abraão não atentou para seu próprio corpo nem para o amortecimento do ventre de Sara. Como disse Paulo, ele estava “certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer”. (Rm 4:21)
E assim foi. “E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado”. (Gn 21:2)
Há momentos na nossa vida em que tudo ao redor nos diz que não tem mais jeito, não há mais esperança. É nesses momentos que precisamos mais do que nunca encher nosso coração com a esperança contra a esperança. Ou seja, é ter uma esperança maior do que as situações da caminhada.
Esperar contra a esperança é estar convicto de que as circunstâncias não são o ponto final da vida.
Esperar contra a esperança é estar convicto de que as coisas que não vejo, verei.
Esperar contra a esperança é estar convicto de que o impossível pode acontecer.
Esperar contra a esperança é fazer como Jeremias que viu Jerusalém ser arrasada pelos babilônios, que viu a tragédia de perto, que experimentou a dor no sentido mais agudo. Ao
olhar o mundo ao redor, Jeremias chegou a dizer: “Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no SENHOR”. (Lamentações 3:18)
Como ter esperança ao ver a morte passear pela cidade que tanto amava?
Num primeiro momento, Jeremias disse que tinha perdido a esperança. Mas algo fez mudar seu coração.
“Disto me recordarei na minha mente; por isso tenho esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca”. (Lamentações 3:21-25)
Atentemos bem para o texto. Se as circunstâncias que nos circundam são tao hostis e cruéis que nos dizem não haver mais esperança, ainda há um elemento essencial que devemos recordar e voltar a ter esperança: as misericórdias do Senhor.
Se tudo me indica que não há mais jeito,
Se tudo me indica que o fim chegou,
Se tudo me indica que a esperança morreu,
As misericórdias do Senhor ainda me mantêm de pé.
As misericórdias do Senhor ainda me mantém vivo.
As misericórdias do Senhor me dão a certeza de que Ele ainda se importa comigo.
Elas são a causa de não sermos consumidos, tragados, derrotados.
Elas se renovam a cada manhã tal como a luz do sol.
Elas não têm fim porque o próprio Deus não tem fim.
Por isso, tenho esperança.
Por isso, nele esperarei.
Por isso, Ele é minha porção.
Por isso, “alegrai-vos na esperança”, disse Paulo.
Alegremo-nos, nós não somos como aqueles que não têm esperança.
A nossa esperança não nos decepciona.
A nossa esperança nos dá garantia.
A nossa esperança se transmutará em realidade.
“Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo”. (Romanos 15:13)

Alexsander Carvalho

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